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OS PORTUGUESES NA BÉLGICA

OS PORTUGUESES NA BÉLGICA
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
CONSTITUIÇÃO DE UMA COMUNIDADE CRISTÃ EM BRUXELAS
QUE FUTURO PARA NÓS E OS NOSSOS FILHOS?
CONCLUSÃO
CURIOSIDADES
ALGUNS ENDEREÇOS ÚTEIS

OS PORTUGUESES NA BÉLGICA

Desde o nascimento e criação de Portugal que laços profundos de amizade e cooperação se criaram entre os reinos que correspondiam nessa altura ao que é hoje a Bélgica e o nosso país. Os cruzados do Norte preferiam a via marítima à via terrestre para se dirigirem à Terra Santa; a passagem pelos nossos portos era inevitável. Foi com a ajuda destes cruzados conduzidos por Belgas, que o Rei D. Afonso Henriques conquistou Lisboa aos Mouros.

As dinastias aproximavam-se e uniam-se com as sucessivas uniões, entre soberanos do norte da Europa e princesas portuguesas, até Carlos Quinto. Os dois povos viviam num perfeito entendimento de intercâmbio e cooperação.

Os portos de Lisboa e Porto encontravam-se a meio caminho entre Veneza e Bruges, centros comerciais mais importantes da Europa até ao século XV.
Mais tarde, Lisboa sobrepôs-se a Veneza no comércio de especiarias e outros produtos preciosos da Ásia, a Bruges e mais tarde, a Antuérpia. São muitos os vestígios dos portugueses na Bélgica: em Bruges a casa de Portugal ou feitoria na Rue d'Argent; em Antuérpia a caserna dos bombeiros; em Bruxelas o convento franciscano de Boetendael fundado por D. Isabel de Portugal em 1467.
Foram muitos os portugueses que passaram por Lovaina à procura do saber, sendo um dos mais eminentes, Damião de Góis, historiador e Cônsul em Antuérpia. Desta presença secular dos portugueses na Bélgica temos ainda três belos vitrais na Catedral Sainte Gudule et Michel, alusivos a importantes personagens luso-belgas da época.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA

A imigração portuguesa na Bélgica é relativamente recente. Dela podemos distinguir três tipos diferentes.

O primeiro logo a seguir à segunda Grande Guerra até 1965. Eram os que participavam nessa mesma guerra, os ex-colonos do Congo (Zaire) ou ainda os que vinham directamente de Portugal para as minas do Hainaul e do Limburgo; as razões políticas e económicas foram preponderantes nesse êxodo migratório.

O segundo de 1965 a 1974 data em que a Bélgica fechou as fronteiras à imigração. Vinham como turistas e depois ficavam por cá, outros como refugiados políticos que tentavam rapidamente encontrar solução adequada a cada circunstância; era importante a legalização. Os contactos com a população espanhola, já instalada, levou-os a fixarem-se no baixo Ixelles; a mística Place Eugène Flagey ficou a ser o ponto de encontro, muito especial, dos portugueses. Por ali se fixaram os melhores restaurantes, os bares de preferência, as primeiras associações… a própria comunidade cristã encontrou, na Paroisse de la Sainte Croix a "sua igreja" para nela atender os portugueses, formando e celebrando os sacramentos...

O terceiro de 1975 até aos nossos dias. Apesar do Governo Belga não consentir mais imigrantes no Reino, os portugueses não pararam de chegar em debandada; uma população essencialmente jovem proveniente do Norte de Portugal, à procura de melhores condições de vida.

Com a abertura das fronteiras da União Europeia e a livre circulação de pessoas e bens, o movimento migratório de portugueses não parou… também pelo facto da nossa adesão à União Europeia, chegaram os funcionários das instituições comunitárias e seus familiares.

São evidentes e notórias algumas diferenças entre as diversas correntes migratórias... mas todos estão envolvidos numa mesma dinâmica de movimento e integração, segundo o seu estado próprio.

CONSTITUIÇÃO DE UMA COMUNIDADE CRISTÃ EM BRUXELAS

No início, a vida do (e)imigrante é sempre carregada de dificuldades da mais variada ordem. Ao emigrar o português traz consigo a sua cultura, marcada por uma fé profunda.

Nos momentos mais difíceis, de angústia e desalento, são levados, por essa mesma fé, a implorar de Deus e Nossa Senhora, auxílio, coragem e força para lutar e vencer na vida.Assim se explica que muitos portugueses procurassem na igreja de Sainte Croix resposta às suas legitimas aspirações em termos de assistência religiosa, social e outros apoios. Foi daí que nasceu a nossa Comunidade cristã. Inicialmente eram alguns casais desejosos de formar um grupo de reflexão e partilha.

Depressa compreenderam que a presença de um sacerdote de língua e cultura portuguesa era indispensável para responder aos desafios dessa nova gente. Decorriam os anos sessenta e já cá viviam cerca de 3.500 portugueses! Em Outubro de 1969 formava-se uma Comunidade de expressão portuguesa a marcar passo com a paróquia belga de Sainte Croix, que muito ajudou os portugueses, na pessoa do seu pároco de então, Monseigneur Jean Dobbeleer.
Em 1976 a jovem e dinâmica comunidade, era reconhecida oficialmente pela “Communauté Française de Belgique” como “Centro Educação Permanente”, beneficiando desse modo, de apoios e de programas oficiais de cultura e formação em meio (i)migrante.

A recém nascida Comunidade, de inspiração cristã, fez uma longa caminhada, ganhou corpo, raízes, estruturou-se... e aos 20 de Fevereiro de 1991 constituiu-se A.S.B.L. - (Associação Sem Fins Lucrativos), um meio juridicamente legal para beneficiar dos apoios financeiros às actividades sócio/culturais existentes, a saber: Rancho Folclórico, Cursos do ensino básico e secundário, Movimento “Vie Féminine”, Conferências e colóquios, Sessões de esclarecimento, Cursos de costura, Reuniões de trabalho… Era mais um importante passo na afirmação de uma Comunidade Católica em meio imigrante. Os seus estatutos determinam claramente a sua orientação e objectivos, que como o nome indica, tem raízes no Evangelho: Comunidade Portuguesa de Emaús. “A Comunidade tem como fim, a formação humana e cristã segundo o espírito do Evangelho de todo o imigrante português...”(art 4 dos estatutos).

Nascida e criada pela Igreja e para a Igreja, Povo de Deus, a Comunidade de Emaús tem uma orientação própria diferenciando-se de qualquer outra colectividade. O sua finalidade não é lucrativa, mas de serviço e apoio a todos sem excepção. Baseia-se no diálogo aberto e honesto, no convívio fraterno, no mútuo respeito, na entreajuda edificante e exemplar… o espírito cristão deve prevalecer a qualquer outra influência ou atracção menos credível. Finalmente, a Comunidade de Emaús, adoptou e continua a assumir, como regra básica da sua estrutura, a presença de um Padre reconhecido e apoiado, que orienta, que esclarece, que ampara, que adverte, que atende... um guia insubstituível.

No dia 1 de Março do mesmo ano (1991) a Igreja, na pessoa do seu assistente religioso, Sr. Dr. Padre Policarpo Afonso Lopes, adquiria o local onde se encontrava desde a primeira hora, Rue du Belvédère, 26. Desta vez a obra inicialmente sonhada tornava-se realidade! Para isso, foi necessário trabalhar muito e desse esforço colectivo, foram angariados fundos que permitiram pagar uma primeira fase do importante investimento. Da Igreja veio a maior fatia de apoio financeiro. Sob o impulso do Padre Policarpo Lopes e dos seus mais próximos colaboradores, foi possível concluir definitivamente o pagamento num curto espaço de tempo. A Igreja Portuguesa em Bruxelas passava a ter uma casa, uma sede oficial, para nela dar formação humana e cristã aos seus membros.

A Catequese, importante actividade na formação cristã das crianças e jovens, foi sempre uma prioridade; as instalações da casa estavam-lhes previamente destinadas.

Os cursos do ensino preparatório e secundário, Vie Féminine, Conferências com debate, reuniões de pais... eram outras tantas actividades para as quais se predestinou a importante infra-estrutura agora em pleno funcionamento.
Havia que fazer, de imediato, algumas obras.

Foi também das "migalhas" recolhidas, que a Igreja suportou alguns melhoramentos de restauro interior. Era importante oferecer condições mínimas a todos e em particular às crianças e jovens, que frequentavam e ainda frequentam a catequese.

Trinta e tal anos de actividade no serviço e doação aos irmãos, de trabalho abnegado e confiante.
Se hoje usufruímos desse património, espaço de encontro e de formação, devemo-lo em grande parte àqueles que nos precederam. Hoje, temos o dever de dar continuidade ao projecto, actualizando-o e adaptando-o à nova realidade.

A essência e objectivo da Obra será sempre a mesma! A adaptação faz-se em função das necessidades de uns e outros. Um futuro conveniente e profícuo depende da boa vontade de todos e cada um, em construir aqui e agora o melhor ambiente, verdadeiramente cristão e solidário, para nós e para os outros, na diversidade dos valores que nos caracterizam.

QUE FUTURO PARA NÓS E OS NOSSOS FILHOS?

Se do passado todos nos devemos orgulhar e temos razões para isso, temos também o dever de olhar o presente fixando os nossos objectivos no futuro. Um futuro que desejamos mais adaptado às novas exigências e aos novos desafios, na defesa do ?bom combate?... A Igreja que somos, exige de todos nós mais acção pastoral, mais perseverança, mais empenho, mais constância.

A fé que professamos precisa de ser sustentada; uma comunidade viva e actuante precisa incondicionalmente de um sacerdote.

 O rebanho perde-se se a ele não estiver ligado um pastor! O sentido e a história da nossa Comunidade aponta um caminho e uma orientação verdadeiramente solidária, em respeito e em compromisso... O espírito que nos anima e que nos diferencia de qualquer outro associativismo, leva-nos a manter uma serenidade renovada, uma compreensão constante e afectiva, uma cooperação franca, honesta e activa, sem nunca perder a sua autonomia e independência.
Caminhar na "estrada de Emaús" em pleno século XXI, é possível se soubermos responder aos apelos da colaboração efectiva de todos, da convivência afectuosa, da união que nos caracteriza como cristãos responsáveis, da comunhão fraterna e liberta de todo e qualquer constrangimento. Somos Comunidade... vivamos esta “Comum-Unidade” na paz e na alegria de verdadeiros “filhos de um mesmo Pai”!

CONCLUSÃO

Para concluir podemos afirmar, com redobrada satisfação e orgulho, que somos um Povo considerado, admirado e reconhecido. Somos uma Comunidade que se afirma pela sua originalidade e pela sua riqueza cultural.

Uma Comunidade autónoma, mas perfeitamente integrada, beneficiando dos mesmos direitos e das mesmas obrigações. Uma Comunidade riquíssima na sua diversidade, dinâmica e actuante, também no campo sociocultural e associativo.
Uma grande parte de Portugal veio habitar este país acinzentado e frio, mas também ele acolhedor.

Aqui nos sentimos bem e aqui exercemos a nossa profissão com coragem e lealdade, com honestidade e postura... Somos uma Comunidade apreciada e reconhecida, estimada e respeitada... Provavelmente temos que tomar consciência da importância que pode ter a nossa participação cívica, em relação ao nosso país, mas também quando as ocasiões se proporcionam cá, onde também temos o direito de exercer a nossa cooperação e intervenção, também junto do poder local. Neste aspecto somos demasiado passivos, perdendo oportunidades de intervenção importantes.

Estamos face a novos desafios e a novas provações; a evolução é constante e exigente.

O futuro depende, também, de uma boa formação; é aí que devemos investir boa parte das nossas energias, para podermos ganhar, com naturalidade, o futuro e o bem estar pessoal e familiar.


Portugueses do coração, cidadãos do mundo, somos acima de tudo cidadãos europeus, desta Europa que se alarga, que cresce e que evolui... A Comunidade Portuguesa na Bélgica, vai prosseguir o seu rumo com aquela determinação que a caracteriza, na defesa da sua identidade e valores que a tornam a mais atraente e mais cativante de todas!


© António Luís Rodrigues Fernandes

CURIOSIDADES

  • Almeida Garret foi o primeiro Embaixador português junto do Reino Belga.
  • A Comunidade Portuguesa na Bélgica é uma das mais significativas e conta com, aproximadamente, 41.000 pessoas, da primeira, segunda e terceira gerações.
  • A Comunidade Portuguesa extremamente ordeira é pouco participativa na vida cívica e política.
  • A Bélgica conta, actualmente, cerca de 41 ASBL (Associação Sem Fins Lucrativos) ligadas à diáspora portuguesa; 19 equipas de futebol; 5 Ranchos de Folclore; cerca de 64 escolas onde é ensinada a nossa língua aos mais jovens; à volta de 15 professores portugueses; são perto de 1200 os alunos que aproveitam a escolaridade em português na Bélgica. 
  • Estão inscritos nos cadernos eleitorais para as eleições em Portugal, cerca de 1800 compatriotas!

 

ALGUNS ENDEREÇOS ÚTEIS

  • Embaixada de Portugal em Bruxelas - Secção Consular
          Avenue de la Toison d’Or, 55 - 1050 Bruxelles
  • ICEP - Investimento, Comércio e Turismo de Portugal
          Rue Blanche, 15 1er - bte 5 - 1050 Bruxelles
  • REPER - Representação Permanente de Portugal Junto da União Europeia
          Avenue de Cortenbergh, 12 - 1040 Bruxelles
  • Caixa Geral de Depósitos – Escritório de Representação em Bruxelas
          Avenue de la Toison d'Or, 55 - 1050 Bruxelles      

OS PORTUGUESES NA BÉLGICA
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
CONSTITUIÇÃO DE UMA COMUNIDADE CRISTÃ EM BRUXELAS
QUE FUTURO PARA NÓS E OS NOSSOS FILHOS?
CONCLUSÃO
CURIOSIDADES
ALGUNS ENDEREÇOS ÚTEIS

OS PORTUGUESES NA BÉLGICA

Desde o nascimento e criação de Portugal que laços profundos de amizade e cooperação se criaram entre os reinos que correspondiam nessa altura ao que é hoje a Bélgica e o nosso país. Os cruzados do Norte preferiam a via marítima à via terrestre para se dirigirem à Terra Santa; a passagem pelos nossos portos era inevitável. Foi com a ajuda destes cruzados conduzidos por Belgas, que o Rei D. Afonso Henriques conquistou Lisboa aos Mouros.

As dinastias aproximavam-se e uniam-se com as sucessivas uniões, entre soberanos do norte da Europa e princesas portuguesas, até Carlos Quinto. Os dois povos viviam num perfeito entendimento de intercâmbio e cooperação.

Os portos de Lisboa e Porto encontravam-se a meio caminho entre Veneza e Bruges, centros comerciais mais importantes da Europa até ao século XV.
Mais tarde, Lisboa sobrepôs-se a Veneza no comércio de especiarias e outros produtos preciosos da Ásia, a Bruges e mais tarde, a Antuérpia. São muitos os vestígios dos portugueses na Bélgica: em Bruges a casa de Portugal ou feitoria na Rue d'Argent; em Antuérpia a caserna dos bombeiros; em Bruxelas o convento franciscano de Boetendael fundado por D. Isabel de Portugal em 1467.
Foram muitos os portugueses que passaram por Lovaina à procura do saber, sendo um dos mais eminentes, Damião de Góis, historiador e Cônsul em Antuérpia. Desta presença secular dos portugueses na Bélgica temos ainda três belos vitrais na Catedral Sainte Gudule et Michel, alusivos a importantes personagens luso-belgas da época.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA

A imigração portuguesa na Bélgica é relativamente recente. Dela podemos distinguir três tipos diferentes.

O primeiro logo a seguir à segunda Grande Guerra até 1965. Eram os que participavam nessa mesma guerra, os ex-colonos do Congo (Zaire) ou ainda os que vinham directamente de Portugal para as minas do Hainaul e do Limburgo; as razões políticas e económicas foram preponderantes nesse êxodo migratório.

O segundo de 1965 a 1974 data em que a Bélgica fechou as fronteiras à imigração. Vinham como turistas e depois ficavam por cá, outros como refugiados políticos que tentavam rapidamente encontrar solução adequada a cada circunstância; era importante a legalização. Os contactos com a população espanhola, já instalada, levou-os a fixarem-se no baixo Ixelles; a mística Place Eugène Flagey ficou a ser o ponto de encontro, muito especial, dos portugueses. Por ali se fixaram os melhores restaurantes, os bares de preferência, as primeiras associações… a própria comunidade cristã encontrou, na Paroisse de la Sainte Croix a "sua igreja" para nela atender os portugueses, formando e celebrando os sacramentos...

O terceiro de 1975 até aos nossos dias. Apesar do Governo Belga não consentir mais imigrantes no Reino, os portugueses não pararam de chegar em debandada; uma população essencialmente jovem proveniente do Norte de Portugal, à procura de melhores condições de vida.

Com a abertura das fronteiras da União Europeia e a livre circulação de pessoas e bens, o movimento migratório de portugueses não parou… também pelo facto da nossa adesão à União Europeia, chegaram os funcionários das instituições comunitárias e seus familiares.

São evidentes e notórias algumas diferenças entre as diversas correntes migratórias... mas todos estão envolvidos numa mesma dinâmica de movimento e integração, segundo o seu estado próprio.

CONSTITUIÇÃO DE UMA COMUNIDADE CRISTÃ EM BRUXELAS

No início, a vida do (e)imigrante é sempre carregada de dificuldades da mais variada ordem. Ao emigrar o português traz consigo a sua cultura, marcada por uma fé profunda.

Nos momentos mais difíceis, de angústia e desalento, são levados, por essa mesma fé, a implorar de Deus e Nossa Senhora, auxílio, coragem e força para lutar e vencer na vida.Assim se explica que muitos portugueses procurassem na igreja de Sainte Croix resposta às suas legitimas aspirações em termos de assistência religiosa, social e outros apoios. Foi daí que nasceu a nossa Comunidade cristã. Inicialmente eram alguns casais desejosos de formar um grupo de reflexão e partilha.

Depressa compreenderam que a presença de um sacerdote de língua e cultura portuguesa era indispensável para responder aos desafios dessa nova gente. Decorriam os anos sessenta e já cá viviam cerca de 3.500 portugueses! Em Outubro de 1969 formava-se uma Comunidade de expressão portuguesa a marcar passo com a paróquia belga de Sainte Croix, que muito ajudou os portugueses, na pessoa do seu pároco de então, Monseigneur Jean Dobbeleer.
Em 1976 a jovem e dinâmica comunidade, era reconhecida oficialmente pela “Communauté Française de Belgique” como “Centro Educação Permanente”, beneficiando desse modo, de apoios e de programas oficiais de cultura e formação em meio (i)migrante.

A recém nascida Comunidade, de inspiração cristã, fez uma longa caminhada, ganhou corpo, raízes, estruturou-se... e aos 20 de Fevereiro de 1991 constituiu-se A.S.B.L. - (Associação Sem Fins Lucrativos), um meio juridicamente legal para beneficiar dos apoios financeiros às actividades sócio/culturais existentes, a saber: Rancho Folclórico, Cursos do ensino básico e secundário, Movimento “Vie Féminine”, Conferências e colóquios, Sessões de esclarecimento, Cursos de costura, Reuniões de trabalho… Era mais um importante passo na afirmação de uma Comunidade Católica em meio imigrante. Os seus estatutos determinam claramente a sua orientação e objectivos, que como o nome indica, tem raízes no Evangelho: Comunidade Portuguesa de Emaús. “A Comunidade tem como fim, a formação humana e cristã segundo o espírito do Evangelho de todo o imigrante português...”(art 4 dos estatutos).

Nascida e criada pela Igreja e para a Igreja, Povo de Deus, a Comunidade de Emaús tem uma orientação própria diferenciando-se de qualquer outra colectividade. O sua finalidade não é lucrativa, mas de serviço e apoio a todos sem excepção. Baseia-se no diálogo aberto e honesto, no convívio fraterno, no mútuo respeito, na entreajuda edificante e exemplar… o espírito cristão deve prevalecer a qualquer outra influência ou atracção menos credível. Finalmente, a Comunidade de Emaús, adoptou e continua a assumir, como regra básica da sua estrutura, a presença de um Padre reconhecido e apoiado, que orienta, que esclarece, que ampara, que adverte, que atende... um guia insubstituível.

No dia 1 de Março do mesmo ano (1991) a Igreja, na pessoa do seu assistente religioso, Sr. Dr. Padre Policarpo Afonso Lopes, adquiria o local onde se encontrava desde a primeira hora, Rue du Belvédère, 26. Desta vez a obra inicialmente sonhada tornava-se realidade! Para isso, foi necessário trabalhar muito e desse esforço colectivo, foram angariados fundos que permitiram pagar uma primeira fase do importante investimento. Da Igreja veio a maior fatia de apoio financeiro. Sob o impulso do Padre Policarpo Lopes e dos seus mais próximos colaboradores, foi possível concluir definitivamente o pagamento num curto espaço de tempo. A Igreja Portuguesa em Bruxelas passava a ter uma casa, uma sede oficial, para nela dar formação humana e cristã aos seus membros.

A Catequese, importante actividade na formação cristã das crianças e jovens, foi sempre uma prioridade; as instalações da casa estavam-lhes previamente destinadas.

Os cursos do ensino preparatório e secundário, Vie Féminine, Conferências com debate, reuniões de pais... eram outras tantas actividades para as quais se predestinou a importante infra-estrutura agora em pleno funcionamento.
Havia que fazer, de imediato, algumas obras.

Foi também das "migalhas" recolhidas, que a Igreja suportou alguns melhoramentos de restauro interior. Era importante oferecer condições mínimas a todos e em particular às crianças e jovens, que frequentavam e ainda frequentam a catequese.

Trinta e tal anos de actividade no serviço e doação aos irmãos, de trabalho abnegado e confiante.
Se hoje usufruímos desse património, espaço de encontro e de formação, devemo-lo em grande parte àqueles que nos precederam. Hoje, temos o dever de dar continuidade ao projecto, actualizando-o e adaptando-o à nova realidade.

A essência e objectivo da Obra será sempre a mesma! A adaptação faz-se em função das necessidades de uns e outros. Um futuro conveniente e profícuo depende da boa vontade de todos e cada um, em construir aqui e agora o melhor ambiente, verdadeiramente cristão e solidário, para nós e para os outros, na diversidade dos valores que nos caracterizam.

QUE FUTURO PARA NÓS E OS NOSSOS FILHOS?

Se do passado todos nos devemos orgulhar e temos razões para isso, temos também o dever de olhar o presente fixando os nossos objectivos no futuro. Um futuro que desejamos mais adaptado às novas exigências e aos novos desafios, na defesa do ?bom combate?... A Igreja que somos, exige de todos nós mais acção pastoral, mais perseverança, mais empenho, mais constância.

A fé que professamos precisa de ser sustentada; uma comunidade viva e actuante precisa incondicionalmente de um sacerdote.

 O rebanho perde-se se a ele não estiver ligado um pastor! O sentido e a história da nossa Comunidade aponta um caminho e uma orientação verdadeiramente solidária, em respeito e em compromisso... O espírito que nos anima e que nos diferencia de qualquer outro associativismo, leva-nos a manter uma serenidade renovada, uma compreensão constante e afectiva, uma cooperação franca, honesta e activa, sem nunca perder a sua autonomia e independência.
Caminhar na "estrada de Emaús" em pleno século XXI, é possível se soubermos responder aos apelos da colaboração efectiva de todos, da convivência afectuosa, da união que nos caracteriza como cristãos responsáveis, da comunhão fraterna e liberta de todo e qualquer constrangimento. Somos Comunidade... vivamos esta “Comum-Unidade” na paz e na alegria de verdadeiros “filhos de um mesmo Pai”!

CONCLUSÃO

Para concluir podemos afirmar, com redobrada satisfação e orgulho, que somos um Povo considerado, admirado e reconhecido. Somos uma Comunidade que se afirma pela sua originalidade e pela sua riqueza cultural.

Uma Comunidade autónoma, mas perfeitamente integrada, beneficiando dos mesmos direitos e das mesmas obrigações. Uma Comunidade riquíssima na sua diversidade, dinâmica e actuante, também no campo sociocultural e associativo.
Uma grande parte de Portugal veio habitar este país acinzentado e frio, mas também ele acolhedor.

Aqui nos sentimos bem e aqui exercemos a nossa profissão com coragem e lealdade, com honestidade e postura... Somos uma Comunidade apreciada e reconhecida, estimada e respeitada... Provavelmente temos que tomar consciência da importância que pode ter a nossa participação cívica, em relação ao nosso país, mas também quando as ocasiões se proporcionam cá, onde também temos o direito de exercer a nossa cooperação e intervenção, também junto do poder local. Neste aspecto somos demasiado passivos, perdendo oportunidades de intervenção importantes.

Estamos face a novos desafios e a novas provações; a evolução é constante e exigente.

O futuro depende, também, de uma boa formação; é aí que devemos investir boa parte das nossas energias, para podermos ganhar, com naturalidade, o futuro e o bem estar pessoal e familiar.


Portugueses do coração, cidadãos do mundo, somos acima de tudo cidadãos europeus, desta Europa que se alarga, que cresce e que evolui... A Comunidade Portuguesa na Bélgica, vai prosseguir o seu rumo com aquela determinação que a caracteriza, na defesa da sua identidade e valores que a tornam a mais atraente e mais cativante de todas!


© António Luís Rodrigues Fernandes

CURIOSIDADES

  • Almeida Garret foi o primeiro Embaixador português junto do Reino Belga.
  • A Comunidade Portuguesa na Bélgica é uma das mais significativas e conta com, aproximadamente, 41.000 pessoas, da primeira, segunda e terceira gerações.
  • A Comunidade Portuguesa extremamente ordeira é pouco participativa na vida cívica e política.
  • A Bélgica conta, actualmente, cerca de 41 ASBL (Associação Sem Fins Lucrativos) ligadas à diáspora portuguesa; 19 equipas de futebol; 5 Ranchos de Folclore; cerca de 64 escolas onde é ensinada a nossa língua aos mais jovens; à volta de 15 professores portugueses; são perto de 1200 os alunos que aproveitam a escolaridade em português na Bélgica. 
  • Estão inscritos nos cadernos eleitorais para as eleições em Portugal, cerca de 1800 compatriotas!

 

ALGUNS ENDEREÇOS ÚTEIS

  • Embaixada de Portugal em Bruxelas - Secção Consular
          Avenue de la Toison d’Or, 55 - 1050 Bruxelles
  • ICEP - Investimento, Comércio e Turismo de Portugal
          Rue Blanche, 15 1er - bte 5 - 1050 Bruxelles
  • REPER - Representação Permanente de Portugal Junto da União Europeia
          Avenue de Cortenbergh, 12 - 1040 Bruxelles
  • Caixa Geral de Depósitos – Escritório de Representação em Bruxelas
          Avenue de la Toison d'Or, 55 - 1050 Bruxelles